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segunda-feira, 4 de abril de 2011

Ser simples não é tão simples! (parte 2)

Cá estou eu novamente para falar de simplicidade! Se falar é dificil, imagina agir. É sobre isso que vou escrever hoje, será necessário dar uma mexidinha em coisas que normalmente não observamos ou não damos a devida atenção: a nossa soberba de cada dia!

Hoje mesmo eu me deparei com uma situação um tanto complicada ao me perceber quando lia Lucas 11. A partir do verso 37 é contada a história de um fariseu (segundo o dicionário: Membro de uma seita de judeus que ostentava grande santidade exterior na sua vida) que convidou Jesus para comer na casa dele. Os fariseus tinham o costume de se lavar antes das refeições, e o fariseu admirou-se de Jesus, o que ensinava nas sinagogas, não ter se lavado. Jesus sabiamente aproveitou essa oportunidade para ensinar ao povo sobre a simplicidade (sem ornatos nem enfeites).

“O Senhor, porém, lhe disse: Vós fariseus, limpais o exterior do corpo e do prato; mas o vosso interior está cheio de rapina e perversidade.” (Lucas 11:39) “Mas ai de vós, fariseus! Porque dais o dízimo da hortelã, da arruda e de todas as hortaliças e desprezais a justiça e o amor de Deus; devíeis, porém, fazer estas cousas, sem omitir aquelas. Ai de vós, fariseus! Porque gostais da primeira cadeira nas sinagogas e das saudadações nas praças. Ai de vós que sois como as sepulturas invisíveis, sobre as quais os homens passam sem o saber!” (Lucas 11:42-44)

Quando lemos textos como esse geralmente pensamos: que povo mais ridículo, esses fariseus, que ficavam o tempo todo querendo ser vistos como as autoridades máximas, e que gostavam de julgar os outros... e por aí vai. Mas agora eu sugiro algo um pouco diferente. Não sejamos fariseus julgando os fariseus! É isso mesmo o que vocês estão lendo! Vamos tentar ser diferentes deles agora e perceber as nossas mazelas. É, se prestarmos atenção, somos iguais a eles, quer ver?! Vamos lá, isso foi difícil pra mim também, mas a gente aguenta.

O que os fariseus queriam? A primeira cadeira nas sinagogas. Essa cadeira significa autoridade máxima, todo mundo tem que te respeitar porque você senta nela. E as saudações nas praças, em público, quem não quer? Nós trabalhamos muito para sermos reconhecidos pelo que fazemos, mas será que estamos trabalhando para sermos conhecidos pelo que realmente somos?! Vou deixar claro, que querer “subir na vida” não é uma má coisa, na verdade é ótimo! O grande problema é o sermos como sepulturas invisíveis, sobre as quais os homens passam sem saber, é limparmos o exterior mantendo o interior em estado de putrefação. Jesus não condenou o fato de eles agirem bem publicamente, mas sim o fato de esconderem o que se passa no seu interior, e se importarem mais com o conceito que as pessoas tem a respeito deles do que em manifestar a justiça e o amor através de atos sinceros. Eles ocultavam das pessoas as suas próprias suas mazelas para serem vistos como melhores do que elas.

E Jesus seguiu mais adiante revelando também as verdades sobre os intérpretes da lei. “Mas ele respondeu: Ai de vós também, intérpretes da lei! Porque sobrecarregais os homens com fardos superiores às suas forças, mas vós mesmos nem com um dedo os tocais.” (Lucas 11:46) “Ai de vós, interpretes da lei! Porque tomastes a chave da ciência; contudo, vós mesmos não entrastes e impedistes os que estavam entrando.” (Lucas 11:52) Esses homens, apesar de diferentes dos fariseus, cairam no mesmo erro, de cobrar dos outros a perfeição, o inatingível, sem contudo, servir de exemplo para eles. É muito fácil mandar as pessoas fazerem coisas, e seguirem regras, o dificil é nos submetermos a mesma severidade que impomos aos outros. Quando somos simples reconhecemos nossas fraquezas, e através das nossas, compreendemos as fraquezas das outras pessoas.

Jesus, o mestre, poderia muito bem exigir de nós a perfeição porque ele mesmo foi perfeito. Mas não, ele é para nós exemplo a seguir e quer de nós apenas simplicidade, para que através dela reconheçamos quem somos e nos responsabilizemos por quem nos tornaremos! Ele disse: “A que, pois, compararei os homens da presente geração, e a que são eles semelhantes? São semelhantes a meninos que, sentados na praça, gritam uns para os outros: Nós vos tocamos flauta, e não dançastes; entoamos lamentações, e não chorastes. Pois veio João Batista, não comendo pão, nem bebendo vinho, e dizeis: Tem demônio! Veio o Filho do homem, comendo e bebendo e dizeis: Eis aí um glutão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores!” (Lucas 7:31-34)

As pessoas criam muitas expectativas a nosso respeito, tanto quanto criamos a respeito delas. Nós somos assim e precisamos reconhecer isso para fazer diferente. A nossa tendência é exigir muito das pessoas e nos esforçarmos para ser aquilo que achamos que elas querem de nós. Mas a simplicidade vem contra todos esses conceitos! Requer esforço para nos colocarmos do lugar do outro, esforço para reconhecermos quem realmente somos (qualidades e defeitos), esforço para não ceder diante das pressões de adequação impostas pela sociedade ou por nós mesmos, esforço para ser o SIMPLISMENTE EU. Mas eu creio de depois de todo este esforço, a satisfação é garantida! Nós fomos criados como seres individuais, apesar de sociais. Somos autênticos, únicos, e com certeza dá muito mais trabalho colocar uma “maquiagem” do que andar “de cara limpa”! Quem tem coragem de mostrar sua cara limpa para os outros? Olha que não é fácil! Principalmente quando temos cicatrizes, marcas e todas essas coisas que as pessoas julgam feias. Eu tenho começado a vê-las como marcas de uma vida!

Nada contra a vaidade feminina. Sou mulher e sei como é legal se maquiar, se arrumar. Mas nós sabemos que uma boa maquiagem é exatamente aquela que enfatiza o que temos de mais bonito, mesmo que não faça desaparecer o que nos é desagradável. Precisamos reconhecer o que há de belo em nós e ressaltar para que o mundo veja, e também nos sentir a vontade para sair e mostrar aquilo que não é tão agradável. Eu suponho que ser escrava de maquiagem não deva ser nada confortável! E aí, quem topa mostrar a cara limpa? Esse negócio de cara limpa me lembrou muitas outras coisas, mas vamos deixar para outro post né! Até breve, se Deus quiser!

sábado, 2 de abril de 2011

Ser simples não é tão simples!

Essa semana li uma frase da Clarice Lispector que me chamou especial atenção “Que ninguém se engane, só se consegue a simplicidade através de muito trabalho”. Apesar do contexto na frase não ter muito a ver com o que vou escrever, pensar nela isoladamente me ajudou a chegar a algumas conclusões a respeito da simplicidade, que é algo sobre o qual eu já venho aprendendo a um bom tempo, e devido ao trabalho que dá mantê-la , acho que tenho que continuar aprendendo sobre ela todos os dias.

Nós vivemos em uma sociedade que valoriza o status, a ostentação, as boas aparências, a preocupação em agradar as pessoas e o afirmar-se no mundo se adequando às tendências. E isso não é de hoje. Desde que o homem se percebe enquanto ser ele tenta mascarar seus defeitos e mostrar apenas aquilo que as outras pessoas julgam bom. Isso fica bem claro no livro de Gênesis quando Adão e Eva pecaram e perceberam que estavam nus, o que não acontecia antes de eles terem desobedecido; resolvem mascarar sua nudez com folhas e se escondem de Deus.

Se olharmos no dicionário, uma das definições de simples é: sem ornatos nem enfeites. Por isso concordo com a Clarice quando ela diz que a simplicidade só é conseguida com muito trabalho. Imagine o quão difícil é para nós sermos simplesmente nós mesmos, sem máscaras, sem a intenção de parecer melhores para agradar as pessoas. É um árduo trabalho diário lembrarmos de que somos especiais à nossa maneira, que Deus nos criou e viu que era muito bom, e que as mudanças que acontecem ao longo da nossa vida não devem girar em torno da opinião das outras pessoas a nosso respeito.

Quando Jesus esteve na terra ele por inúmeras vezes nos ensinou a simplicidade, pois sabia da importância de ser simples para ter uma boa vida, tranquila, e livre de pressões e opressões. Vou começar citando a famosa história de Marta de Maria, na qual Marta recebe Jesus em sua casa, e fica de um lado para o outro andando e arrumando milhoes de coisas para servir Jesus e provavelmente causar uma boa impressão, enquanto isso Maria, sua irmã, está lá sentada aos pés de Jesus ouvindo-o falar. Marta, indignada, vai lá reclamar a Jesus porque Maria não a ajuda e a resposta de Jesus é linda: “Respondeu-lhe o Senhor: Marta! Marta! Andas inquieta e te preocupa com muitas cousas. Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma só cousa; Maria, pois, escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada.” (Lucas 10:20)

Jesus não estava interessado em quem lhe causava boa impressão, servia as melhores comidas, em estar nas melhores casas e sim em que sua mensagem fosse ouvida. Maria escolheu a melhor parte, porque não se importou se Jesus iria pensar mal dela por não estar ajudando sua irmã nos afazeres. Ela sabia que queria ouvir sobre o Reino de Deus,e ntão assentou-se aos pés de Jesus para ouvir! Ela assumiu seu desejo, e não o negou indo ajudar a irmã para manter as aparências de boa anfitriã. Quantas vezes nós fazemos coisas que não queremos, simplismente para manter boas aparências? Não estou dizendo que devemos fazer tudo o que “der na telha” mas que consigamos ver quem somos, o que queremos, e agir com sinceridade e simplicidade diante das pessoas, não para manter aparências, mas manifestando quem simplismente somos através das nossas ações.

Este é um tema muito extenso, então para que não se torne muito cansativo, vou publicá-lo por etapas. A etapa de hoje fica por aqui para que reflitamos sobre esse aspecto da simplicidade, e segunda-feira refletiremos sobre outros aspectos através de outras histórias vivenciadas por Jesus.